sábado, 20 de março de 2010

Caso Figo. Administrador do Taguspark soube do negócio mas esqueceu-se - in jornal i

Caso Figo. Administrador do Taguspark soube do negócio mas esqueceu-se



"Vítor Castro, administrador indicado pela câmara de Oeiras, declarou não ter conhecimento do contrato. Recuou um dia depois"

"Quando andam no ar suspeitas de crime, há uma reacção natural por parte de quem possa ser associado ao caso: não fui eu. Na comissão executiva do Taguspark, o administrador indicado pela Câmara de Oeiras protagonizou um episódio caricato de demarcação do caso Figo. A 24 de Fevereiro, Vítor Castro solicitou que fosse apensa à acta uma declaração assegurando nunca lhe ter sido pedida opinião sobre o contrato com o ex-futebolista Luís Figo. No dia seguinte retirou a declaração, invocando “razões de saúde” para não se recordar de ter participado na reunião em que os contratos promocionais do parque empresarial foram discutidos.
Em causa estão suspeitas de que o contrato estabelecido entre o Taguspark e a Lunastar Limited, empresa que representa Luís Figo, possa ter sido uma contrapartida pela participação do ex-futebolista na campanha de José Sócrates, nas últimas legislativas. A investigação está a ser conduzida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que já deverá ter em mãos uma acta da reunião em que, a 25 de Junho de 2009, terá sido discutido e aprovado o “plano de promoção de curto prazo” do Taguspark, acta em que consta o nome dos três administradores executivos – incluindo Vítor Castro.
A 24 de Fevereiro, um dia depois de Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, manifestar surpresa pelos valores que o contrato com Figo poderia atingir e de declarar a intenção de não o renovar, Vítor Castro pediu que fosse apensa à acta do conselho de administração uma declaração demarcando-se da iniciativa com o jogador. Na declaração, a que o i teve acesso, o administrador assegura que não assinou o contrato com Figo nem “nunca em momento algum” lhe foi pedida “opinião sobre os seus termos e o seu modelo”. Acrescenta ainda não ter participado na reunião em que foi decidido o contrato de comodato com a Dream Factory Network, escola virtual de futebol a que Figo está ligado.
Logo no dia a seguir o administrador envia aos presidentes do conselho de administração e da comissão executiva um pedido – com conhecimento para Isaltino Morais – para anular a declaração da véspera. A justificação é simples: apesar de “por razões de saúde” não se recordar de ter participado em reuniões em que os contratos promocionais tenham sido discutidos, essa participação “é confirmada pelas actas da empresa”.
O i tentou perceber os motivos para as tomadas de posição contraditórias, mas Vítor Castro não respondeu às questões apresentadas. Também o presidente da Câmara de Oeiras não esclareceu se houve algum desentendimento entre este accionista e o seu representante que possa ter originado as declarações.

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O “Plano de promoção de curto prazo” do Taguspark terá sido aprovado a 25 de Junho de 2009. Depois de apontar dificuldades na manutenção dos espaços arrendados e de traçar objectivos de expansão do parque empresarial, defende ser indispensável associar a imagem de personalidades com grande projecção ao Taguspark– “José Mourinho, Luís Figo ou outros cuja imagem será imediatamente reconhecida em qualquer mercado internacional”.
Para desenvolvimento do plano, estimava-se um reforço do orçamento para actividades de promoção em cerca de 600 mil euros, dos quais 300 mil deveriam entrar ainda nas contas de 2009 e os restantes nas de 2010. Os valores são considerados extremamente baixos “face ao impacto extremamente positivo” esperado nos três a cinco anos seguintes.
Os montantes do contrato de José Mourinho, que foi celebrado mas posteriormente rompido (alegadamente por decisão do treinador), não chegaram a ser divulgados. Já o acordo com Luís Figo poderia implicar uma despesa total de 750 mil euros, porque prevê o pagamento de 350 mil euros no primeiro ano e, em caso de prolongamento, 200 mil euros em cada um dos dois anos seguintes. Além de participar em materiais de promoção, o ex-futebolista fica, segundo explicou aos jornalistas o presidente da Câmara de Oeiras, comprometido a participar em dois eventos a organizar pelo parque empresarial e tecnológico.
Ainda de acordo com o plano, a campanha promocional deveria iniciar-se em Setembro do ano passado, sendo a produção de suportes feita em Julho e Agosto. Calendário que falhou completamente. As filmagens com Luís Figo ocorreram a 25 de Setembro (dia em que se deslocou a Portugal e participou num pequeno-almoço de apoio a José Sócrates). O vídeo promocional, com cerca de seis minutos, acabaria por ser divulgado apenas a 18 de Fevereiro, quando a comunicação social noticiava buscas na PT e no Taguspark."


in Jornal i, por Inês Cardoso, publicado em 19/03/2010

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